Psicanálise

Dr. Edival A. L. Perrini

Psicanálise, segundo Elizabeth Roudinesco (1997), é um termo criado, em 1896 por Sigmund Freud (1856-1939), para nomear um método particular de psicoterapia (ou tratamento pela fala) proveniente do processo catártico de Josef Breuer, e pautado na exploração do inconsciente, com a ajuda da associação livre por parte do analisando, e da interpretação por parte do analista.

Por extensão, dá-se o nome de psicanálise:

  • Ao tratamento conduzido de acordo com esse método;
  • À disciplina fundada por Freud (e somente por ele), na medida em que abrange um método terapêutico e de conhecimento pessoal, uma organização clínica, uma técnica psicanalítica, um sistema de pensamento, e uma modalidade de transmissão do saber que se apoia na transferência e permite formar profissionais que trabalham com o inconsciente.
  • Ao movimento psicanalítico, isto é, a uma escola de pensamento que engloba todas as correntes do freudismo.

A psicanálise teve importantes colaborações, nos últimos anos, principalmente de Melanie Klein, Donald Winnicott e Wilfred Bion, que acrescentaram procedimentos técnicos que fazem parte da psicanálise contemporânea.

Freud, em 1910, criou a Associação Internacional de Psicanálise (IPA) para congregar as Sociedades Psicanalíticas existentes, normatizar a formação dos psicanalistas, e evitar distorções e descaminhos na psicanálise, com a expansão de sua prática.

A Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI) foi fundada em 1967, sua sede é no Rio de Janeiro, e sua função é congregar e articular as ações das Sociedades de Psicanálise e Grupos de Estudo Psicanalíticos, vinculados à IPA, existentes no Brasil.

A Federação Brasileira de Psicanálise realiza o Congresso Brasileiro de Psicanálise e edita a Revista Brasileira de Psicanálise.

 

Psicanálise: algumas ideias

Dr. João Carlos Braga

Em seus 120 anos de existência, a psicanálise, criada por Sigmund Freud, passou de uma técnica de tratamento de distúrbios mentais leves (neuroses) para um continuadamente crescente corpo de conhecimentos sobre a mente humana. Espalhou-se rapidamente pelo mundo civilizado e penetrou na cultura ocidental de forma impressionantemente poderosa, a ponto de podermos dizer que a psicanálise foi um dos principais agentes transformadores da cultura ocidental no século XX, influenciando significativamente áreas correlatas de estudo, como a Educação, a Sociologia, a Comunicação, a Psicologia, a Medicina e as Artes.

Em seu desenvolvimento, a psicanálise organizou-se em uma tripla condição de um método científico de investigação e de estudo da mente humana, de um método psicológico de tratamento de distúrbios mentais leves e graves, assim como de dificuldades de desenvolvimento da personalidade, e de um sistema teórico sobre o funcionamento mental.

Após acompanhar a rápida expansão e aceitação do pensamento psicanalítico. Freud definiu (1914 e 1923) a organização da psicanálise em torno de três eixos: (1) uma compreensão da mente como tendo a parte mais importante de seu funcionamento fora do alcance da consciência, sendo esta dimensão inconsciente ao mesmo tempo ativamente rejeitada pelo consciente do indivíduo e determinante de sua forma de funcionamento. Impulsos para crescimento mental e para autodestruição convivem neste inconsciente;  (2) uma compreensão de que o desenvolvimento mental se faz a partir de experiências acontecidas na infância, desde os primórdios da vida, em que a sexualidade desempenha um papel fundamental, o que é ilustrado através do mito grego de Édipo; e (3) um entendimento de que seu êxito, enquanto processo terapêutico, depende da exploração da relação emocional que se cria entre analista e analisando, o que ele chamou de transferência.

Em sua forma mais precípua, a de um método de investigação e de tratamento psicológico de fenômenos mentais, a psicanálise encontrou amplo campo de aceitação e hoje, milhares de profissionais a praticam em seus consultórios. A preparação de um profissional para exercer a psicanálise é um processo longo, que toma ao menos 5 anos. Neste tempo, (1) o interessado (que deve ser graduado em medicina ou em psicologia, no caso do Grupo Psicanalítico de Curitiba) experimenta o método psicanalítico em uma investigação de sua própria mente (análise pessoal), (2) estuda, aprofundadamente, pelo tempo mínimo de 4 anos o pensamento psicanalítico de Freud e de outros autores psicanalíticos importantes e (3) faz cerca de 200 horas de supervisão de seu próprio trabalho psicanalítico. Além destas condições, para que o profissional possa ser reconhecido como Membro de uma Sociedade Psicanalítica, precisa ainda apresentar, a uma comissão de psicanalistas experientes, um trabalho pessoal no qual demonstre ter adquirido proficiência no método psicanalítico. Estas condições seguem padrões internacionais de uma organização central criada pelo próprio Freud, a International Psychoanalytical Association (IPA), à qual o Grupo Psicanalítico de Curitiba é filiado.

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